terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Como saber menstruar ensina sobre as regras da gramática

Esta semana, conversando com minhas/meus alunas/os sobre os processos regulares que garantem a vida, não só das pessoas, mas da própria língua brasileira, falei sobre a menstruação.

Algo que ocorre a cada 28 dias, aproximadamente, e que algumas pessoas mais antigas dizem ser as regras. Esse foi meu ponto para explicar o que são as regras da gramática, as regras de organização da língua. 

Se a língua está viva (em oposição às línguas mortas), ela é um organismo, tem organicidade, portanto, tem uma organização. E essa organização se dá por meio de processos que ocorrem com frequência, com regularidade, ou seja, de forma regrada. Daí, vem o conceito de regra.

Lindo como saber menstruar, entender e ver beleza nesse processo tão perfeito e valioso para a manutenção da vida, não só da mulher que menstrua, mas de toda a sociedade que nasce por ela, permitiu-me compreender e ensinar a outros/as meninos e meninas o que são as regularidades da nossa língua. 

Essa língua que, por sinal, é materna!

Coincidentemente, ou não, Lígia Moreira Sena - mãe, cientista, blogueira e muito mais - autora do blogue Cientista que virou mãe, escreveu, nessa mesma semana, um lindo texto que merece ser lido por homens e mulheres, meninos e meninas. 

Assim, deixo-as/os com a reprodução do texto "Menstruação. Precisamos falar sobre ela".




 Menstruação. Precisamos falar sobre ela.


Ao meu redor, meninas que até ontem eram crianças - e que, sim, continuam a ser, e isso é muito bom - estão menstruando. Meninas bacanas, reflexivas, corajosas, criadas por pessoas idem, parte de um novo modo de pensar e viver a vida.
Minha filha ainda tem muito chão pela frente até que seu corpo esteja pronto para menstruar. E, quando acontecer, espero estar preparada para acolhê-la com amor e respeito, como eu mesma fui acolhida por meus pais quando menstruei.
Eu tinha 12 anos e uma relação um pouco dolorosa com a adolescência. Conseguia identificar e processar exatamente a dor da mudança de fase, a perda que de certa forma acontece com quem está deixando de ter cabeça e corpo de criança para conquistar outro momento de vida.
Lembro-me que estava me preparando para viajar para a praia com a família de uma amiga, quando acordei, fui ao banheiro e percebi que havia menstruado. 
Primeiro, tomei um susto e levei alguns segundos até lembrar que poderia, mesmo, ser menstruação: meu corpo já deixava de ser infantil para tomar formas adultas, meu emocional também passava por mudança semelhante. Chamei minha mãe e mostrei para ela minha calcinha. Então ela colocou as mãos na cintura, sorriu e disse: "Ô filha, você menstruou! Parabéns!". 
Parabéns?!
Eu acabara de sangrar, sujar minha roupa, às vésperas de viajar com minha amiga e sua família, não sabia como lidar com aquilo e... parabéns?!
Claro que parabéns! 
Parabéns por estar mudando de fase, por ter um corpo que se comportava de maneira saudável, por ter
tido uma infância muito bem aproveitada. Parabéns por ter ao meu entorno gente que me amava muito e me apoiava e sustentava nessa mudança. Mas, naquele momento, "parabéns" não era exatamente o que eu sentia... 
Corri para o quarto, voltei para a cama e logo uma de minhas irmãs, com entre 7 e 8 anos, veio também me parabenizar. Lembro-me de não ter achado legal aquilo. Eu estava muito envergonhada... De quê? Não sabia. Mas estava.
Minha mãe, então, por telefone, contou ao meu pai, que estava no trabalho. À noite, ela preparou um delicioso jantar com todas as comidas que eu gostava: bife à milanesa, batata frita, arroz e feijão, pimentinha cambuci e pudim de leite de sobremesa. Então, meu pai chegou e, antes de jantarmos todos juntos pra comemorar (sim, comemorar; comemorar a minha passagem da infância para a adolescência, somente muito tempo depois eu entendi isso...), meu pai me chamou, me abraçou forte e me deu um buquê de flores do campo e um pacote comprido, fechado. Peguei as flores - totalmente sem graça... -, dei um abraço nele e abri o pacote. Era uma caneta. Uma caneta muito chique. Nunca havia tido uma caneta daquelas e, confesso, naquele momento até preferia que fosse de bichinho (sim, eu ainda era uma criança). 
"Uma caneta? Por que uma caneta, pai?". 
E ele me respondeu: 
"Agora você começa a escrever um novo capítulo da sua vida. Tem que ter uma caneta à altura, oras...". 
Deu um sorriso largo (como se eu tivesse entendido o significado amplo daquela frase), me abraçou e fomos todos à cozinha. Sentamos, comemos e... eu proibi todo mundo de tocar no assunto.
Muito tempo depois, já formulando os primeiros conceitos sobre a vida, sobre ser mulher, sobre menstruar, entendi o profundo gesto de amor de todos eles: minha mãe, meu pai e minhas irmãs. Eles haviam me acolhido com amor e respeito em meu momento de mudança, como me dizendo: "Que bom que tudo está correndo bem. Que bom que você está passando por essa mudança. Estávamos aqui antes, estamos aqui agora e continuaremos a estar, tenha você quantos anos tiver, seja você criança, adolescente ou adulta". Lembro-me de estar com meu melhor amigo, já adulta, universitária, conversando sobre nossas adolescências, quando me dei conta de toda a magnitude dos gestos da minha família. Lembro da emoção que senti... Eu, que já não morava com eles.
Depois, nos preparativos para o parto da minha filha, durante a gestação, foi quando refleti profundamente sobre o significado de menstruar. Foi quando me apaixonei pela menstruação. 
Sim... Sou uma menstruation-lover. Pois é... Não acho ruim menstruar. Não a amaldiçoo. Nunca a amaldiçoei. 
Mas foi quando ela me faltou por 9 meses que fui dar a ela seu real significado. E aí tentei entender o motivo da minha própria rejeição a menstruar quando menina, mesmo recebendo todo o amor e empatia de meus pais e minha família.
Cultura.
Discursos.
Escola.
Amigas.
Novelinhas para a adolescentes.
Senso comum.
Em todas essas dimensões, a menstruação é vista como ruim, como pesada, como fardo, como suja, como nojenta. Meninos dizem "Eca!" quando sabem que meninas estão menstruadas. Meninas dão nomes estranhamente pejorativos à menstruação, à sua própria menstruação: monstra, dita cuja, xico, luto, entre outros. A escola, nos programas de educação sexual, estão mais preocupadas em explicar sobre o folículo ovariano, os 14 dias, os 28 dias, a variação hormonal, do que sobre como o ato natural de menstruar não é somente um assunto de menina, mas de meninas, meninos, pais, mães, amigos, todo mundo. Meninas e meninos não gostam de conversar a respeito, a ponto de transformar menstruação em tabu. 
Como o pinto.
Como a vagina.
Como o sexo.
Muitos trabalhos de pesquisa mostram que a maioria das meninas da cultura ocidental associa, à sua menstruação, uma conotação negativa. E todos esses trabalhos são enfáticos ao relacionar essa visão negativa às construções sociais, históricas e culturais e, principalmente, à falta de diálogo, à falta de acolhimento verdadeiro e de empatia nesse momento de transformação. Não somente a essa transformação, mas a tudo que tem a ver com o corpo. Ao corpo feminino, especificamente. E todos dizem a mesma coisa: somente vamos contribuir para a construção de uma sociedade onde as mulheres aceitem verdadeiramente seu próprio corpo (base dos transtornos de identidade corporal, do desejo pela modificação a todo custo, da insatisfação com a própria imagem, etc), quando conversarmos verdadeiramente com nossas meninas, quando desmistificarmos a menstruação, quando ampliarmos a conversa e sairmos do "ovário-folículo-óvulo-endométrio-sangue" e formos para "corpo feminino", "aceitar-se", "entender-se", "amar-se".
É a ausência disso que leva meninas a passarem uma vida inteira amaldiçoando sua própria menstruação, ou achando que realmente precisam sofrer com possíveis desconfortos associados a ela, ou estabelecendo relações difíceis com o menstruar. Menstruar acaba sendo sinônimo de coisa ruim, incômoda, dolorosa.
Sim. Menstruação tem a ver com hormônio, ovário, óvulo, gravidez ou não gravidez. Mas também tem a ver com meninas que estão virando mulheres. Tem a ver com a celebração do corpo feminino. Tem a ver com o funcionamento adequado do corpo. Tem a ver com fluxo. Não com o fluxo menstrual. Mas com o fluxo da vida. 
Para meninas que querem, um dia, tornar-se mães, menstruar é a sinalização de que, pelo menos fisicamente, já estão quase prontas. Quase... Mas ainda não.
Para meninas que não pensam em ser mães, também é celebração: é saúde, é respeitar o próprio corpo, é amar a si mesma.
Para meninas que não querem ser mães, é a constatação de que aceitar a si próprias, aceitar seus corpos, tanto quanto seus desejos mais profundos, é um caminho importante para conquistar seus próprios lugares no mundo. 
E uma mulher, independentemente de como será sua vida, independentemente de sua orientação sexual, independentemente de qualquer coisa,  precisa, acima de tudo, aceitar a si própria. Em um mundo onde somos tão pouco aceitas, tenhamos companheiros, companheiras, companheiros E companheiras, aceitarmos a nós mesmas é o primeiro passo para a revolução profunda. 
Mulheres jamais serão respeitadas enquanto não respeitarem a si mesmas e aos seus corpos. 
Gosto de fazer um exercício que aprendi com uma antiga terapeuta: gosto de fechar os olhos e me imaginar encontrando meu eu criança. Vejo aquela menina com carinha de moleque, sapeca, engraçada,  desgrenhada, sempre de joelho ralado e gosto de abraçá-la. Já a abracei nos momentos mais difíceis de sua vida: no meio da briga entre meus pais, durante uma noite de medo em um acampamento da escola, chorando sozinha no quarto, depois de sofrer bullying e em tantas outras situações. 
Então, logo que comecei a vislumbrar a imensa importância do menstruar para a menina e a mulher, fui lá, atrás da menina que eu fui. Encontrei-a em um vestiário de clube, preparando-se para uma partida do campeonato estadual de vôlei, chateada por estar em um dia de intenso fluxo menstrual, com uma forte dor de cabeça que, por esse motivo, a tirou da partida por diminuir sem desempenho. Estava lá a menina-eu, chateada, amaldiçoando a menstruação e pensando que ser menino a pouparia de muitos incômodos, como menstruar. Em meu exercício de teletransporte, então, eu a abracei e disse: "Ligia, olha, sei que agora parece não fazer sentido. Mas menstruar é bom. É seu corpo funcionando. É você crescendo. É você sendo, pelo menos em uma parte da imensa complexidade que representa ser, mulher. Aprenda a lidar com o desconforto. Nós só nos deixamos acomodar no desconforto porque achamos que é assim, que sempre foi assim, que nada há para fazer. Mas não é assim. Nos dias de menstruação em que estiver indisposta, descanse. Desacelere. Respeite-se. Respeite seu ritmo, respeite seu útero. Respeite seus ovários. Respeite sua vida. Respeite a si mesma para exigir ser respeitada. Isso poderá te poupar de tantos momentos, no futuro, em que você aceitará ser desrespeitada por não ter exercitado o auto-respeito... Cuide-se. Ame-se. Ame todas as suas fases. Nós somos como a lua, somos cíclicas, e nenhum ciclo é pior que o outro".
Na verdade, eu poderia ficar ali horas conversando com ela sobre isso, e contando casos do meu-passado-seu-futuro relacionados a menstruar...
Vamos fazer contas. Idade média da primeira menstruação: 12 anos. Número médio de dias estando menstruadas: 4. Número de meses do ano: 12. São 48 dias ao ano convivendo com a menstruação. Supondo uma vida com 38 anos de menstruação. São mais de 1.800 dias. Menstruadas. Se nós menstruássemos todos os dias, ininterruptamente, até acabar com nosso estoque de óvulos, seriam 5 anos ininterruptos menstruando. 
Vamos desperdiçar 5 anos de nossas vidas amaldiçoando dias tão importantes?
Por que, ao contrário, não aprendemos a lidar com tais dias, entendê-los, vivê-los profundamente, acolhê-los, aprender a lidar com possíveis desconfortos, minimizar possíveis desconfortos, convidar as pessoas a nos respeitar nesses dias, abolir de nossas conversas, de nossos discursos, frases pejorativas que se referem ao menstruar? Talvez haja um motivo para nos recolher. Talvez haja um motivo para a introspeção periódica. Talvez seja um momento para estarmos somente com a gente mesmo, nos dando colo, nos acolhendo, nos cuidando. Talvez sejam preciosos dias para um (T)rabalho (P)ré (M)enstrual, voltado para o exercício do auto-respeito, do amor próprio e da auto-aceitação.

Meninas, não finjam que não estão menstruadas. Não tomem com modelo as ridículas propagandas de mulheres magérrimas rodando de saia esvoaçante e calcinha branca no meio do centro da cidade, porque ninguém faz isso... Será muito raro você querer fazer isso em dias mais reflexivos. Vamos conversar com os garotos. Vamos educá-los, vamos contar para eles sobre a importância desse nosso momento, dessa nossa fase. Eles vão se transformar nos homens adultos do mundo futuro, precisam estar informados, precisam não nutrir preconceitos, nós podemos educá-los também. Vamos abolir do nosso vocabulário os apelidinhos à menstruação. Vamos dizer: "Estou menstruada", "Vou comprar absorvente". Não esconda o absorvente que você compra. Todo mundo tem em casa pelo menos alguém que menstruou, vai menstruar ou está menstruando. Assim é a vida. Para quê escondê-la? Procure opções de absorventes. Nem todos usam plástico, nem todos poluem o ambiente, nem todos tratam seu sangue como excreção. Olhem para si próprias com amor.
Exercitar isso desde sempre, cuidar de si desde sempre, destinar amor a si própria desde sempre poderá se tornar um hábito. E isso pode mudar sua vida para sempre...

Há um certo tempo, uma editora pediu que eu escrevesse algumas palavras para um livro-texto de ciências, infantil, específico sobre o corpo humano. Eu poderia ter falado sobre os pulmões. Sobre o cérebro (vocês sabem... amo o cérebro). Sobre o coração. Sobre os rins. Mas escolhi falar sobre menstruação. E escrevi um texto intitulado "Menstruação também é coisa de menino", para crianças. Bem simplório. Por que? Porque é lá, na tenra infância, que a gente constrói ou desconstrói mitos e preconceitos. E os meninos vêm sendo excluídos dessa conversa há muito tempo. A editora gostou. E compartilho com vocês aqui também.

Por fim, deixo também uma reflexão poética de Elisa Lucinda, sobre outro momento de vida das mulheres. Mas não tão diferente assim...

Quanto Mais Vela Mais Acesa

Um dia quando eu não menstruar mais
vou ter saudade desse bicho sangrador mensal que inda sou
que mata os homens de mistério
Vou ter saudade desse lindo aparente impropério
desse império de gerações absorvidas
Desse desperdício de vidas 

que me escorre agora mês de maio.
Ensaio:
Nesse dia vou querer a vida 
com pressa
menos intervalo entre uma frase e outra
menos respiração entre um fato e outro
menos intervalos entre um impulso e outro
menos lacunas entre a ação e sua causa
e se Deus não entender, rezarei:
Menos pausa, meu Deus
menos pausa.





*Com amor, para minhas amigas meninas que estão virando mulheres e com quem tenho tanto orgulho de conviver...

domingo, 29 de dezembro de 2013

Passeios subversivos

Subverter, conforme consta nos dicionários online, significa verter por baixo, fazer uma estrutura ruir de baixo para cima.

Foto: Sebastião Salgado.

Pois bem, nesse período de final de ano, jovens que vivem em periferias, escolheram empenhar seus recursos em passeios aos shoppings mais badalados de SP.

Ao subverter uma regra de apartheid social ou, como cunhado por Cristovam Buarque, apartação
social, que delimita espaços físicos "diferenciados" para pessoas "diferenciadas",  aí, a força repressora vem com tudo: desde baculejo, humilhações diversas, até a detenção de pessoas sem justificativa legal alguma.

(Só lembrando que diferente é uma coisa que, por natureza, tem aspectos distintos, diferenciado é aquilo que foi feito para ser diferente, que sofreu a ação humana),

Pois bem, essa notícia consta nos mais diversos sites e blogs, para citar alguns: Leonardo SakamotoEliane Brum e Mariafro.

Ambos autor e autora constróem uma excelente reflexão sobre os motivos e finda com brilhantes críticas ao estado de coisas.

Mas, eu gostaria de questionar, para além do que observam: Será que essa repressão poderá gerar uma efetiva tomada de consciência? 


Quando se fala de ascensão social por meio do aumento do potencial de consumo (ou endividamento), questionamos não haver base para uma verdadeira mudança do quadro social.

Jovens que procuram os templos de consumo para entrar no mundo dos privilegiados, e que, em princípio, poderiam fazê-lo porque agora têm acesso a recursos materiais, são duramente reprimidos e alienados da possibilidade de ocupar um espaço "público", ou destinado a um público específico (branco, de classe média alta, que vive nos bairros mais caros, estuda nas escolas mais badaladas, etc.).

Engraçado que esse mesmo público específico, quando resolve ir para Miami, Nova Iorque ou Paris para fazer compras (e adentrar nos templos de consumo [de verdade!]) também são reprimidos e têm seus direitos cerceados. E o pior, voltam dizendo que a culpa é dos/as próprios/as Brasileiros/as que não sabem se comportar. (veja esse texto).

Efetivamente, são verdadeiras "abominações cognitivas" (como bem observado por Chauí): os membros dessa classe medi(ocre) que exclui e que, ao ser excluída, diz: tenho vergonha de ser brasileiro/a. Essa saída evidencia muito sobre quem são, como pensam e sentem...

Sentem vergonha de serem quem são? Ou sentem vergonha de serem associados (pela cor da pele, pela língua, pela cultura) ao "país subdesenvolvido"que é o Brasil?  Por que, afinal de contas, não são brasileiros/as, certo? Não se identificam com a cultura, com as músicas (no máximo bossa nova, que obviamente tenta ser jazz), não falam a mesma língua (afinal, a cada três palavras, sentem a necessidade de usar o léxico do inglês: "what ever", "anyways", "hard core", "trash", "yes", etc.), não circulam nos espaços comuns (afinal só tem gente feia, é tudo feio, que o diga o Ed Mota), e por aí vai...

E o mais absurdo é que mesmo tendo dinheiro, podendo viajar (pagando preços exorbitantes pelo direito de ir e vir, motivados, centralmente, pelo sanguinário desejo de lucro de nossos/as empresários/as),  não podem se igualar aos modelos que têm: estadunidenses (que chamam de americanos) e europeus. E se revoltam com isso... mas a revolta não leva à uma reflexão subversiva, ao contrário, leva a dizerem que sentem vergonha de terem qualquer coisa a ver com o Brasil.

E agora os meninos e meninas do rolezinho?

Corta para o Brasil.

Será que os meninos e meninas dos rolezinhos vão se sentir envergonhados/as por serem da perifa, gostarem de funk, curtirem roupas coloridas?

Ou será que serão capazes de ver além? De ver que sofrem não por serem quem são, mas por ousarem transgredir as regras da apartação social? Por ousarem querer mais?

Pela minha experiência com ambos os universos, quem vive a realidade da discriminação aprende com a luta a não aceitar esse tipo de barbárie calado/a. E foi o que os/as meninos/as fizeram, munidos/as de seus celulares e sabendo usar as redes sociais divulgaram, como fontes primárias, a informação, a notícia da violência que sofreram.

Mas as forças de repressão são maiores, elas podem roubar o trabalho dos/as meninos/as se eles/as insistirem em passear onde não "devem", pois se forem presos/as, mesmo sem justa causa, são demitidos. E, pelo medo, são amordaçados/as, tendo em vista o cancelamento de alguns dos rolezinhos programados para janeiro.

A tomada de consciência e a ação consciente

Nesse sentido, para subverter (derrubar por baixo) a estrutura repressora/elitista/violenta brasileira (e falo não só como professora, como estudante, mas como pessoa oriunda de uma realidade brutal), é necessário construir o conhecimento capaz de derrubar os achismos e as "verdades" que fizeram a realidade ser como é.

E a construção do conhecimento, do saber libertador, só será possível por meio da educação.

E educação não é o sistema de reprodução que temos, de crianças enfileiradas, de pessoas sendo tratadas como papéis em branco em que os/as dententores/as do saber vão escrever suas "verdades".

A educação de que falo é a que garante que o/a aprendiz possa, por si, construir novos caminhos, compreender seus direitos, seus deveres, aprender qual é o jogo político e quais são as brechas para a ação que existem, é a educação libertadora de Freire, é a educação para a liberdade.







terça-feira, 5 de novembro de 2013

Projeto "Pensar a(s) África(s) hoje": Inquietação inicial

Desde o bimestre passado, estamos pensando a(s) África(s)...

Começamos pela inquietação da escritora nigeriana Chimamanda Adichie que nos conta sobre nosso total desconhecimento sobre o continente africano, sobre a realidade das pessoas que nele habitam, sobre sua história, sua forma de ser, de falar, de pensar o mundo.

Vejamos novamente o que ela, brilhantemente, nos diz:





Assistam!
Inquietem-se!
Comentem!



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Roteiro para produção de projeto de pesquisa

Pessoas, só lembrando o que foi discutido em sala de aula...

Estrutura essencial de texto científico


Todo texto científico deve responder a quatro questões básicas - O quê? Por quê? Para quê? Como? - assim, o nosso projetinho de pequisa também deverá levar em conta essas questões.

(1) O quê? = Descrição do objeto

  • 1.1 Contexto geral
  • 1.2 Contexto específico
  • 1.3 Objeto focalizado


(2) Por quê? = Justificativa do projeto

  • 2.1 Justificativa social
  • 2.2 Justificativa científica (para o seu aprendizado em Português)

(3) Para quê? = Objetivos do projeto

  • 3.1 Objetivo geral
  • 3.2 Objetivos específicos (mais de um)


(4) Como?

  • 4.1 Metodologia = procedimentos metodológicos
  • 4.2 Teoria = revisão bibliográfica de textos de autoras/es que já pesquisaram o tema que será pesquisado no projeto



Obs.: Bimestre que vem, vamos trabalhar as questões de pesquisa e a entrega do texto final será para meados de outubro.

Temas para TCC - na modalidade Pesquisa

Oi padawans,

eu elaborei algumas sugestões de tema para os TCC de vocês, que sejam da modalidade Pesquisa.


Vamos a eles:


(1) Análise de uma obra de literatura POP (Senhor dos Anéis, Pierce Jackson, Harry Potter, Game of Thrones, etc.), a partir da teoria de mitos de Joseph Campbell.

(2) Análise de um filme,  a partir da teoria de mitos de Joseph Campbell.

(3) Versão de música em língua estrangeira para o Português Brasileiro e análise de sua estrutura e temática.

(4) Análise de quadros de M. C. Escher e reflexão sobre a física ótica que serviu de base para o seu trabalho.

(5) Análise de matéria de jornal sobre as manifestações de junho e reflexão sobre as relações de poder na sociedade e a manipulação promovida pela mídia.

(6) Análise de música de GOG, Karol Conka, Sabotagem ou Racionais MC e reflexão sobre a questão negra no Brasil.

(7) Análise e comparação de filme de animação da Disney com Anime ("A Viagem de Chihiro", "Evangelion", etc.) e reflexão sobre a questão feminina e sua representação.

(8) Análise e comparação de desenhos animados "para meninos" e "para meninas" e reflexão sobre as diferentes formas de criação que homens e mulheres recebem na sociedade ocidental.

(9) Análise de jogos de videogame em primeira pessoa e reflexão sobre a criação da violência ou sobre o expurgo da violência por meio deles.

(10) Análise e comparação de episódio de série estadunidense ou de episódio de novela brasileira e reflexão sobre a construção de esteriótipos (nerd que não pega ninguém, mocinha sofredora, etc).

(11) Análise de uma ópera rock (2112, do Rush, The Wall do Pink Floyd) e reflexão sobre como os artistas conseguiram construir textos multimodais (projeto gráfico do disco, cenário do show, letra da música, melodia da música, efeitos sonoros, etc).

(12) Análise de propagandas e reflexão sobre a pressão da sociedade para o consumismo exacerbado.


e ....

O céu é o limite!


Quem tiver mais ideias, poste aqui, que vamos conversando.


Um abraço e que a força esteja com vocês!

:0D

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Intertextualidades

Queridas/os Padawans,
uma aluna minha que hoje está cursando comunicação, criou um blog muito bacana e eu SUPER recomendo. :0D

Coerência Particular, clique para acessar.

Vejam só!

Um abraço,
Pilar

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

História social do Rock

Queridos/as Padawans,
temos, na Universidade de Brasília, um trabalho belíssimo sendo desenvolvido pelo Prof. Me. Alexei Alves de Queiroz em Música Popular.

Neste semestre, alunos/as e professores/as do curso de Graduação em Música, da referida instituição, estão construindo uma Orquestra do Rock.

Vejam o blog aqui.

Nele, há várias informações e muitos áudios bacanas.

Como leitura complementar, para quem se interessa pelo assunto, recomendo o livro Rock and Roll - uma história social.





Acessem!